quinta-feira, 26 de julho de 2018

Corte

A vertigo que sentia era um misto de riso, perdão e dissabor. Torrente de silêncio e memória distorcida, esquecimento dos tempos. Plenitude de vazio e espasmo de dor. Vitória sem triunfo, sem trunfo algum. Viela ladeira abaixo num centro periférico. Abraço da morte espreitando à luz da lua, grito surdo. Surto de solidez e solidão. Rasura de algum risco de sangue que corre em veias outras. Vela que vale para todos os santos. Veleiro sem rumo. Veleidade e verdade não dita. Corte sem cura de lâmina cega. Amor que passa, não dura. 
Ausência de tudo, concretude dissolVIDA em poções de não ser. 


Maria Lemke

domingo, 22 de julho de 2018

NUA-nça

Sofreguidão é uma palavra bonita. Vem do português arcaico. 
Nuançada pelo agora,  a palavra evocava-lhe um  mosaico de lembranças. Pensou em todas as vezes em se encontraram, quando não conseguiram resistir ao desejo, à fúria louca, à urgência da dança dos corpos que os consumia.


Maria Lemke