terça-feira, 30 de setembro de 2014

Ab nihilo - ou passo(s)


Sei o caminho dos barcos, dos cais e do caos, dos portos onde a dor aporta, por onde ainda vou passar. Num passo de cada vez, me despeço de quem nunca vi e por onde nunca passei. 

domingo, 21 de setembro de 2014

Ser-tão - de quem ama


Sertão não é silêncio... é ruído
É redemoinho: folhas secas dançando do solo ao céu
Torvelinho de emoções
O uivo da loba
Calor de setembro: corpo lânguido
Lua sangrando, grande e quase inteira. 
Terra vermelha e nua
Vento quente penetrando buritizal
Sertão é magia, segredo e paixão...
Sertão é urgência...
Sertão não é silêncio...
é temporal no verão, é ruído e cor...
Trovoada. Toada...
Na seca, é o ipê explodindo em flor!

Maria Lemke

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sobre ventos, secas, cicatrizes, anéis e ipês

Quando o ipê explode em flores, e a lua - que não é de Saturno - ganha anéis ao seu redor, e você sente arder alguma antiga cicatriz, eis que é breve o tempo. 
A chuva não tarda.
O ipê perderá flores, ganhará folhas...
Os belos, etéreos e sutis halos da lua se perderão no céu.
A tua cicatriz, inflamada e dolorida, silenciará até a próxima seca. 
Voltarás a esquecê-la.
Sentirás tempestades: ventos e águas. 
E suores pelo corpo.
O odor da terra molhada chegará às tuas narinas.
Verás ervas e flores vicejarem por toda parte. Cio da terra. 
Ha(hhhhh)-verá o branco mais rosa... e o rosado, carmesim.
É tempo de lav(r)ar a alma, o corpo e o coração.
Aguardarás novamente ipês, cicatrizes e anéis. 
Quiçá, a chuva...Prenúncio apenas.
Amor, amor, caio à espera de uma nova e inversa estação.