terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A-gua(rda)r

E chove tanto, tanto, tanto que agora, nessa inexata distância, entre lágrimas, chuva e solidão, queria apenas a-gua(rda)r-te....
Maria Lemke


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Ma(i)s querer(es) II


          Quero uma pitada de pó de sim.         
Mandar embora os meus nãos.
Correr o mundo, depois me perder em seus vãos.
E saber que nada foi em vão.
Quero uma pitada de pó de sim.
Mas não muito. Apenas um tantinho bom,
pra deixar o amor à flor da pele... 
e me deixar assim: do avesso. 

Maria Lemke

sábado, 23 de novembro de 2013

Passeio

Minha vontade mora em suas mãos quando você se toca imaginando que passeio em ti. 


Maria Lemke

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Seca

Sinto muito a estiagem. Vivo e sinto uma secura de doer: a pele perdeu o brilho e os olhos, o verdor.  Há umidade só nos baixios, formada pela gota de suor que desce, devagar, até o vão de meus quadris nervosos.

Maria Lemke

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Fata morgana


Ser(e)i-a (é) aquela do canto (?) Sherazade mui amada, ou Penélope charmosinha? Vestida de preto como bonequinha de luxo. Luto ainda depois de tanto (?) tempo... Sabe, (se há) cura (pra) mal de amor (?). Queimando feito fogo, chorava de alegria. Sorria pelos enganos. Ocultava dores. Brincava com palavras, histórias e tecia mantos. Cantava mantras pra aquecer... Lia escritos apócrifos de magos e ciganos, (d)aqueles outros, outrora mal-ditos, tratados a ferro, fogo e açoite. Des-dita da sorte, er(r)a (a) só(s) seu improviso.  Serei aquela a viver a vida ávida a con-fundir-se (?): 
Fata morgana querendo gritar a verdade quando se revirava só, 
entre lençóis, 
nu claro-obscuro da noite...

Maria Lemke

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cheia de míngua...


À noite, sonho só quando o sono não vem...
Molhada de desejo e saudade...
Aos poucos me desvaneço.
Como a lua,
me falta uma parte...
Sou menos que meia lua inteira...
Minguando...
Sem você
sou bem menos que uma metade.
Maria Lemke

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Surto

É (,) preciso mudar, 
antes que tu(do) permaneça(s).
Fique. Tal qual era.
(S)em olhares de soslaio,
mascara (se) escondendo (n)o jogo.
Sem nicotina, pro-secco ou prozac...
prosa de palavras picantes... 
fi(n)cadas, em conversas (,) 
na madrugada (,) a-dentro
promessas em desalinho
(como entre lençóis).
(Quero). Ma(i)s...
Já decidi, vou parar o mundo amanhã...
Deixar tudo pra trás. 
Voo baixo agora.
Muda(da). Vou
queimar meu último sutiã. 
Ter outro surto.
Ser-... 
ser-vil...


Maria Lemke

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Lamento(s) II - ou Sin(t)o

Lamento mais do que a profundidade da falta... Lamento o tamanho das minhas vontades impróprias...Lamento o silêncio a embalar seu triste canto. Lamento a ausência que toca meu corpo como um sino açoitado pelo vento...marcado de horas...de distância... pelo tempo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Ress(o)on'ÂNSIA

Vivo em labirintos
subterrâneos, algo(z) profundo
do rio, sou a margem...
à margem
Sufocada pela solidão...
querendo ser solidez
Fio de alguma trama 
(es)passo
(há) palavras que atravessam 
tempos,
ouves o não-dito,
os sussurros?
Sou a ventania(,) querendo ser brisa,
 - afagando teus cabelos na noite escura - 
palavra oculta, fantasia, engano ...
querendo há tempos TE(us) VER-SÓs
e (bem)dizes... A(hh)maria !!!
Aqui, resto(s)
brincando com as reticências da vida.
Afogando em quimeras e histórias fugidias. 
Vivendo de pálidas lembranças, ress(o)onÂNSIA do belo
Ninfa condenada a repetir a última palavra
Solidão...
Aquiiiiiiiiii, Aquiiii, Aquiii
So(o)u Eco ao longe..longe...longe...
querendo dizer teu nome

domingo, 15 de setembro de 2013

Ah-travessa...

Um blues antecipa(n)do na noite, 
sister, moon in blue(s) (at) night...
Aposto que vc pensa que não sei fazer nada a não ser postar blues nus  domingos à noite, e talvez não seja mentira, é verdade, mas (n)esta (vida) é(s) uma das alegrias (in)confessáveis que tenho... ha(hhhh) (!!!!!!!) outras...(s)em recatos, que podem te fazer corar.
Ohhh, sister...
Não queira saber demais, o deserto tem reentrâncias, esconderijos quase perfeitos 
recônditos intocados. 
Sister,
 tu(do)
(não) podes,
ainda, 
 conhecer.
(Mas) vem...
A(hhh)travessa...

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

De flores, anéis, luas...e cicatrizes

Quando o ipê explode em flores, e a lua - que não é Saturno - ganha anéis ao seu redor, 
e você sente arder alguma  antiga cicatriz, é breve o tempo. 
A chuva não tardará a chegar.
Renova-se o ipê. Perde flores, ganha folhas...Torna a  se verter  outra vez.
No céu, os belos, etéreos e sutis halos da lua se perderão. 
Prenúncio apenas.
Tua cicatriz, inflamada e dolorida, silenciará até a próxima seca. 
Voltarás a esquecê-la.
Sentirás tempestades: ventos e águas. E suores pelo corpo.
O odor da terra molhada chegará às tuas narinas.
 Verás ervas e flores vicejarem por toda parte. Não poderás arrancar uma sem ferir a outra. 
São partes distintas do cio da terra. 
Ha(hhhhh)-verás o branco mais rosa... e o rosado, carmesim.
É o tempo lav(r)ar a alma, o corpo e o coração.
Verás também o(s) contorno(s) do arco-(e-a)-íris(,) (se) re-tornare(s) (,) mais brilhante(s)  ao entardecer...
Amor (,) temp(l)o de águas, de anéis e das cicatrizes se fecharem dentro de mim.



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ma(i)s querer(es)

Quase sentiu-me a respiração entrecortada. Parada de medo. 
E de desejo.
 Não posso ir além dos feixes de luz que saem de seus olhos e teimam em me queimar inteira,  nem ceder ao cheiro que exala de teu corpo, invadindo e evadindo meus sentidos, provocando instintos animais.
Ma(i)s não posso querer. 
Pois que dói, e dói de doer!!!
E aqui, na solidão dessas palavras inauditas que jorram de minhas entranhas como um gozo que não tive, 
jazem apenas os quereres inconfessos de quem quase não pode mais.

Maria Lemke

terça-feira, 30 de julho de 2013

Trago

(Um) trago(,) um risco a-guardado.
Segredo quase (in)confesso
escorr(end)o entre vãos, mãos e frestas,
nas profundezas de um co(r)po meio vazio
Há inquietude prenhe de não-ditos
TU(do) em compasso de espera.
Aleg(o)ria mal disfarçada
Entre... promessa(s)
Quereres, querências.
Essência do feminino.
Possibilidade deixando de ser quimera.

Maria Lemke

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Rapidinha


Dizem que nada pode ser tão amargo quanto o amor. 
 Nem arrependimentos, fel, erros ou café.
Os meus, sem açúcar, por favor.

Maria Lemke

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Caos



...E quase toquei teu choro.
Parei ao vê-lo escondido na ponta dos teus dedos.
De longe, velo.
 Me perdi na imensidão de um mundo brotado da sombra do que não se deve ter.
E quase...
pois que em mim tu(do) é  assombro, espanto e medos
Desde a intensidade dos teus olhos,
até o degredo da palavra que resvala incontida no teu querer.



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Recôndito

Virada de cabeça para baixo... trêmula, fremida... aguada. Escondida no cinza. Sem blues para acompanhar a sorte. Segura? Talvez sim... talvez não... 
                                          Foto: Maria Lemke

quinta-feira, 4 de julho de 2013

FICA: relatos e retratos da violência

Caros, muitos ainda não acreditam que vivemos num estado de violência... mas o descalabro é tanto que se torna cada vez mais visível.
Vejam o que acontece em Goiás com quem se manifesta!!
Manifestantes, professores e alunos da UEG, durante o FICA, em Goiás, foram covardemente agredidos e presos... Veja o retrato e o relato
http://www.adufg.org.br/adufg/noticias.php?locNot=&ssc=0&id=3550&pg=0

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ideias

Ouviram do Ipiranga, da Paulista, da Av. Rio Branco, de Brasília, de Porto Alegre, de  Curitiba, Salvador, da Espanha, de Portugal, da Alemanha, da Suécia, de Londres e de todos os lugares um brado retumbante. Não era Dom Pedro. Era o povo, a nação em cena. o Estado bem que tentou,  inutilmente, calar aquela voz com cassetete e  tiros. Não adianta: IDEIAS SÃO À PROVA DE BALAS!!

terça-feira, 11 de junho de 2013

À espera


Ok. Leio Elisa Lucinda, Maria da Poesia 
e ouço Ana Carolina.
Leio revistas femininas, umas mais ou menos fúteis,
Às vezes busco inspiração pra enfeitar meu lar. 
Não sou mais balzaquiana:
sou loba 
dizem que já comi a chapeuzinho.
Piloto fogão de salto alto,
Mas adoro andar descalça.
Medo de altura, tara por velocidade
Ando perfumada, mas conservo meu próprio cheiro.
Sou emancipada:
Sei bem me virar sozinha.
Vibro, sou ave, suave, ávida.
Sou romântica, ecológica e bem-humorada
Não perco uma piscadela.
Adoro conversa afiada,
olhares fagueiros, de soslaio.
Já fiz muita coisa hoje.
Rezei pro meu santo: pedi pra te proteger de mim
Separei livros e contas a pagar,
organizei roupas, sapatos e bijoux,
lavei echarpes, lenços e pashminas
Provei lingerie nova.
Contrariada, constatei celulites.
Mas, nem tudo está perdido, mantenho a cinturinha.
Um velho blues 
embalou meu dançar solitário.
Diante do espelho,
fiz caras e bocas,
tudo isso sem calcinha.
Agora, rimas bolinam meus pensamentos e,
suavemente, sorvem meu corpo com vinho.
Enquanto você não vem.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Saia



 Mulher

anda de saia... 

lingerie pequeninha...

quase escondida entre as carnes macias

que roçam entre si

ahhhh, mulher!!!

quando o vento vem, 

me leva a querer mais...

levanta algo...e não é sua saia apenas

mulher...ahhhhhh, mulher!

assim vc nunca vai ser cantada como mulher de Atenas...

mulher... 

dona do meu pensar...

verso obscuro... minha rima, 

apetitosa... indecente

meu reverso

meu esperma, meu gozar

meu deleite, 

quimera de prazer...

mulher...

tire sua saia 

ou saia de meus pensamentos!!

 Maria Lemke


segunda-feira, 13 de maio de 2013

É-ter


 Escrevo frases soltas. Deduzo e induzo a erros. Tenho fases. Dou voltas. Vou e volto fagueira. Ter-gi-verso meias verdades em palavras partidas ao meio. Uso pulseiras num pulso descompassado, um relógio marcando horas idas. Elos (des)com-passado(s). Meus aneis não cabem nos dedos.
Sete luas (t)em Saturno
Muitas a me gravitar. 
Densa e venérea(,)
  Vou a Marte.
Circular Mercúrio
Voo
Etérea
É-ter
Vênus brincando com (os) Er(r)os...

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Afago (,) ou me afogo (?)



Ou-vi teus sons e olhos
(nus crepuscular).
e penso...e sinto
a poesia e o afago,
o roçar dos corpos,
à  distância,
quereres,
vontades que não passam.
Prosas tecidas
em palavras não ditas,
a noite entran(han)do no dia.
I-manto pra aquecer
já é madrugada,
(H)a(hhh)-fogo
na noite fria (!!)
Maria Lemke