quinta-feira, 26 de julho de 2018

Corte

A vertigo que sentia era um misto de riso, perdão e dissabor. Torrente de silêncio e memória distorcida, esquecimento dos tempos. Plenitude de vazio e espasmo de dor. Vitória sem triunfo, sem trunfo algum. Viela ladeira abaixo num centro periférico. Abraço da morte espreitando à luz da lua, grito surdo. Surto de solidez e solidão. Rasura de algum risco de sangue que corre em veias outras. Vela que vale para todos os santos. Veleiro sem rumo. Veleidade e verdade não dita. Corte sem cura de lâmina cega. Amor que passa, não dura. 
Ausência de tudo, concretude dissolVIDA em poções de não ser. 


Maria Lemke

domingo, 22 de julho de 2018

NUA-nça

Sofreguidão é uma palavra bonita. Vem do português arcaico. 
Nuançada pelo agora,  a palavra evocava-lhe um  mosaico de lembranças. Pensou em todas as vezes em se encontraram, quando não conseguiram resistir ao desejo, à fúria louca, à urgência da dança dos corpos que os consumia.


Maria Lemke

quinta-feira, 31 de maio de 2018

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Zênite



Autora: Maria Lemke

 Fotografia é a tomada da beleza por uma lente que se(-)quer (é) objetiva.

Maria Lemke

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Fe(e)l


Saudade é como ressaca mal curada, manifestação de algum exagero. Erro do excesso. 
Vômito de sobremesa, de algo doce que sai, deixando por dentro um gosto amargo de fel.

Maria Lemke

domingo, 17 de abril de 2016

Field of Graves - or Feel(s)

Do you feel it? Can you feel it? Do you fell what a feel? 
 On day, we can go home, to a (c)old stone's place.
Let my heart go. Let the rest of my bones Rest In Peace. 
Because, grave, gray, is the day.
Maria Lemke

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

MorphEUs

Um dia você acorda de um sonho com um gosto meio doce e amargo na boca. Lembra de ter sentido pele com pele, boca com boca. Mais que isso. Sentiu as almas se entrelaçarem. Em êxtase, sentiu-se deus. Contente-se: foi real. Contenha-se: foi real enquanto dormias nos braços de Morpheus.

Maria Lemke

sábado, 30 de janeiro de 2016

MorrEU - ou sem figurações

Nem se morre de sede se não for por água doce.
Nem se morre de fome se houver algo para regurgitar
Nem se morre de saudade se não houver amor.
Nem se morre de emoção se o velocímetro não sobe. E sobre isso não há nada para falar.
Sem figurações, sem firulas. Só finAIS

Maria Lemke

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

(O)caso

Entre cacos de vidro, um caos (,) (n)um caso perdido.  Quem sabe num ocaso, num acaso desses, desdizendo minhas cacofonias, eu possa seguir meu caminho.

Maria Lemke

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

LET-ais

Vontades coletivas, solidões individuais. 
Taças vazias, conversas paralelas, 
Alelos múltiplos, recessivos, 
c(r)omosSOMOS,
Verdades nuas, cheias de ais. 
Maria Lemke

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

TEMas

Não temas, um cálice não te fará mal, pois o vinho é o mais suave dos poemas.
Maria Lemke

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

POEsia boca à boca

Poesia sacana não tem vergonha, palavras bonitas ou floreadas. Poesia sacana sequer tem roupa. Não usa lingerie: Tem calcinha no chão, braguilha aberta. Mão naquilo, aquilo na mão. Poesia sacana tem até número: De quatro a meia-nove. Poesia sacana não aguenta espera. Poesia sacana tem gritos e voz rouca. Poesia sacana tem sede, saliva, gozo, esperma. Poeta, sem-vergonha, beija, molha, escorre quente. Boca à boca.
Maria Lemke

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tantos (e) Tintos

Alguns versos podem não ter regras, sequer rimas. Algumas taças podem não ter medidas.
Em versos sem regras, uma dose de tinto. Em taças de vinho sem medida, um tanto a se revelar.
Sem querer - quem vai saber?- em ambos os casos, há segredos que podem te fazer corar.

Maria Lemke

terça-feira, 13 de outubro de 2015

MirrOR GLASS

Todo vidro que se quebra mostra que, quando tentamos restaurá-lo, já não é o que foi. Mas quem sabe, seja algo mais...algo que poderia ter sido: MIrrOR.
Maria Lemke

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

desORdeNADA - ou momento Bukowski

O mundo é uma merda. Aceite isso: Boiamos nessa grande massa de pensamentos, sentimentos, quereres, gritos, silêncios, eventuais cios, CIAS indispostas, camas, casos mal resolvidos, corações despedaçados ao longo do caminho, esperanças afogadas em pranto...enfim, em dores que doem o quanto basta... nessa porra toda que chamam de vida.
Maria Lemke

domingo, 20 de setembro de 2015

INteiro

Respeite quem é cinza. Afinal, nem todo mundo tem coragem de queimar inteiro. 
De ser fogo...brasa.
Maria Lemke

domingo, 13 de setembro de 2015

DesESPERO(?) - or SpENDING

Todo fim de mundo começa na sexta à noite e termina nos segundos iniciais da segunda à noite. Passa(n)do tempo. Temp(l)o de escorrer horas. 
Vazio de espera(s). 
Des-Espero?

Maria Lemke

quarta-feira, 9 de setembro de 2015